Opinião
IA, Inovação e tecnologia: o futuro da distribuição de energia
A inteligência artificial (IA) já faz parte de nossa rotina e não é diferente na distribuição de energia. A inovação e transformação digital são fundamentais para atender às demandas da sociedade, aumentar a segurança operacional e promover a manutenção e prevenção de irregularidades.
Co-autores: Lucas Nass de Andrade e Luiza Zaide**
O aprimoramento do Processamento de Linguagem Natural (PLN) tem revolucionado a interação das empresas com seus clientes e colaboradores, tornando o atendimento mais ágil e personalizado. A equipe da Cemig, por exemplo, iniciou um treinamento para que o sistema utilizado no atendimento aprenda a linguagem e expressões típicas de Minas Gerais, o famoso “mineirês”. Há também pesquisa e desenvolvimento para analisar os sentimentos, que permite interpretar o tom e as emoções dos consumidores.
Já na Light, uma ferramenta de identificação de improcedências utiliza a IA, a machine learning e a linguagem natural para otimizar o fluxo de atendimento, priorizando os casos mais urgentes e evitando deslocamentos desnecessários. Ou seja, a tecnologia garantindo ficiência e melhor atendimento.
A IA também é aliada na segurança operacional e manutenção da infraestrutura. Um bom exemplo é a utilização de câmeras equipadas com visão computacional para garantir o uso adequado dos equipamentos de proteção individual (EPIs), permitindo que os trabalhadores iniciem suas atividades de forma segura.
Além disso, um sistema de monitoramento acoplado aos veículos analisa a condução dos motoristas e motociclistas, identificando comportamentos inseguros e infrações à legislação, fornecendo relatórios automáticos sobre incidentes.
Esses projetos, atualmente em fase final de desenvolvimento, apresentam resultados promissores, possibilitando ações preventivas e contribuindo significativamente para a segurança no ambiente de trabalho.
A manutenção preditiva, baseada em IA, permite antecipar problemas em equipamentos críticos, como transformadores e disjuntores, usando machine learning e análise de dados em tempo real. Na Light, a solução para monitoramento das subestações isoladas a gás (GIS) usa IA para detectar anomalias e prever falhas, permitindo manutenções preventivas mais eficientes.
A pesquisa segue contribuindo para um futuro cada vez mais conectado e seguro. A Cemig desenvolve um projeto para facilitar a inspeção de ativos e redes em grandes centros urbanos, utilizando câmeras acopladas em viaturas e até mesmo imagens capturadas por celulares para identificar falhas em isoladores, cruzetas e equipamentos de manobra, além de auxiliar na gestão do compartilhamento de postes com outros agentes e a identificar interferências com árvores.
Essa abordagem busca ampliar a capacidade de ação na detecção de problemas, especialmente em eventos climáticos extremos.
Na Neoenergia, uma parceria com a Sinapsis Energia, spin-off da Universidade de São Paulo (USP), resultou no desenvolvimento de dois equipamentos inovadores: o Godel Perdas, projetado para mapear as perdas de energia, e o Godel Conecta, destinado a avaliar a capacidade de integração da geração distribuída na rede de distribuição. Ambas as tecnologias foram criadas e protegidas pela Neoenergia, por meio de seu Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Por fim, a proteção à receita envolve a análise de dados para detectar fraudes. A aplicação da IA permite identificar padrões e perceber anomalias, o que possibilita direcionar ações de fiscalização de forma mais eficaz. Esse processo já está em uso, mas há potencial para aumentar ainda mais a capacidade de atuação, na medida em que aumenta a capacidade de processamento de dados de consumo.
Na Light, por exemplo, o Sistema de Monitoramento Orbital utiliza imagens de satélite e IA para identificar fraudes e instalações clandestinas, comparando dados da rede elétrica com informações de fiscalização. Já a Ferramenta de Otimização da Inspeção de Campo complementa as avaliações realizadas pelas equipes técnicas, com foco no combate às perdas não-técnicas da empresa.
A inovação rompe barreiras e permite o compartilhamento de conhecimento entre distribuidoras, que mantêm um diálogo próximo no âmbito da Abradee. A recente abertura da Aneel para a participação de startups em seu programa de pesquisa e desenvolvimento, em resposta ao Marco Legal das Startups, marca um avanço importante.
Essa mudança reflete um movimento em direção à inovação aberta, que antes tinha um foco mais voltado à pesquisa, e agora se concentra também na busca de solução de problemas emergentes e na proposta de novos produtos e negócios para o setor elétrico.
Nesse sentido, foi lançado o Inova Cemig Lab, um programa para o ecossistema de inovação, com o objetivo de promover o empreendedorismo, transformação e mudança, com o propósito de enfrentar desafios e edificar um futuro ainda mais sustentável e eficiente para o setor de energia do brasileiro.
Essas tecnologias ajudam a aumentar a eficiência, segurança e assertividade nas operações das distribuidoras de energia. Além dessas iniciativas, as empresas se preparam para apresentar no Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica - Sendi 2025, trabalhos técnicos que refletem suas inovações e aprendizados no setor.
O Sendi é um evento de referência no Brasil, promovendo a troca de experiências e inovações entre profissionais da área. Reúne especialistas, empresas e instituições para discutir desafios, tendências e as melhores práticas, contribuindo para a evolução e modernização da distribuição de energia elétrica no país. Afinal, o futuro se constrói hoje e as transformações tecnológicas não param.
*Tales de Brumon é gestor de inovação na Cemig;
**Lucas Nass de Andrade é superintendente de Inteligência e Controle Operacional da Light e Luiza Zaide é gerente de Inovação da Neoenergia.